domingo, 30 de junho de 2013

Pés vacilantes sobre a Rocha!

por Leonardo Felipe

"... pôs os meus pés sobre uma rocha, firmou os meus passos." (Sl. 40:2b)

Nossa vida é uma caminhada!
Caminhamos desde quando nascemos até o fatídico momento em que morremos!
Caminhamos mesmo quando num berço ou num leito doente no fim de nossas vidas!
Caminhamos, pois a cada dia nos deparamos com coisas novas, dificuldades, obstáculos inesperados e complexos.
Caminhamos dia após dia mesmo quando somos tomados por apatia, omissão, descaso, comodismo e letargia do medo.
Caminhamos! E nesse caminhar somos vacilantes e inconstantes. 
Caminhamos! E nesse caminhar temos momentos de oscilação e desvios.
Caminhamos! Seguros de nós mesmos! Mas, muitas vezes inseguros e em duvida de nós mesmos!
Caminhamos! Convictos da direção! Porém, muitas vezes, não temos a menor idéia por onde vamos ou por onde nosso guia nós leva!
Vacilantes!
Nossa caminhada na vida é vacilante!
Só Nele (Cristo) somos firmes e seguros na Caminhada!
Só Nele, a Rocha Verdadeira (Cristo) tenho "os meus pés sobre uma rocha,"... e Ele, somente Ele: "firmou os meus passos..."


sexta-feira, 28 de junho de 2013

CRISTIANISMO ABSTRATO


por Ed René Kivitz

abstrato adj. que não se prende à representação da realidade tangível. Em outras palavras: abstarto é aquilo que não se pega, não se vê, e não tem cheiro nem gosto. 

1. Cristianismo abstrato é aquele de quem acredita nas realidades espirituais mas não interage com elas. Por exemplo, acreditar em Deus pode ser o mesmo que acreditar na existência de Barak Obama sem nunca ter apertado sua mão, ou na existência da Austrália e no Amazonas sem nunca ter visitado o país ou navegado as águas do rio. Isto é, “acreditar na existência de” é diferente de “se relacionar com”. Quem acredita na existência de Deus ,mas não se deixa afetar por Ele, não tem vantagem alguma sobre o diabo, que também acredita que Deus existe (Tiago 2.19).

2. Cristianismo abstrato é aquele basedao em ritualismo litúrgico, sem afeto: “Esse povo faz um grande show, dizendo as coisas certas, mas o coração deles não está nem aí para o que dizem. Fazem de conta que me adoram, mas é tudo encenação”, reclama Deus pela boca do profeta Isaías (29.13 – A Mensagem) – espiritualidade sem lágrimas, culto sem paixão, devoção mecânica, rituais automatizados e bailado de bonecos.

3. Cristianismo abstrato é aquele onde as convicções doutrinais têm primazia sobre a prática da generosidade. A experiência de fé dogmática arrebata o fiel para o mundo das ideias, onde não existe corpo, carne e sangue, não existem pessoas, apenas grandes cérebros sem qualquer capacidade de amar. Gasta-se muito tempo discutindo se o teísmo é aberto ou fechado, e, conclusões feitas, surgem os julgamentos e as agressões pessoais que negligenciam a generosidade, a fraternidade, e a mínima educação e o respeito que devemos uns aos outros, todos esquecidos de que “o conhecimento traz orgulho, mas o amor edifica”, ou que “o coração humilde pode nos ajudar muito mais do que a mente orgulhosa” (1Coríntios 8.1 – A Mensagem).

4. Cristianismo abstrato é aquele que supervaloriza o moralismo em detrimento do engajamento social. O conceito de vida piedosa fica restrito aos pecados íntimos, notadamente relacionados com sexo, considerando os pecados estruturais e sociais, como a pobreza, a injustiça e a corrupção, coisa de menor importância. Os moralistas se escandalizam mais facilmente com homossexuais andando de mãos dadas na Avenida Paulista do que com mendigos embriagados estirados nas calçadas.

5. Cristianismo abstrato é aquele que proclama a expectativa do céu sem a consequente convocação para a responsabilidade histórica. A utopia do reino de Deus, que deveria ser inspiração para o cuidado da criação de Deus é transformado em argumento de fuga escatológica: “já que o mundo vai acabar mesmo, e vamos para o novo céu e a nova terra, que se dane o leontopithecus rosalia”.

6. Cristianismo abstrato é aquele que se relaciona com o mundo dos espíritos sem a contrapartida da participação no mundo dos homens. Meu amigo tinha uma carranca do folclore peruano em seu gabinete pastoral. Alguém entrou na sala e disse que aquilo era coisa do diabo e deveria ser destruída. O pastor perguntou, “em quem você votou na última eleição?”. Após a resposta, meu amigo concluiu, “Não adianta nada amarrar o diabo nas religiões celestiais e deixá-lo solto aqui em baixo”. Risos.

7. Cristianismo abstrato é aquele onde a religião está separada da vida. O mundo é dividido entre religioso e secular: de um lado ficam os santos redimidos pelo sangue do Cordeiro e do outro os pagãos que marcham céleres para o inferno. A igreja deixa de ser sal da terra e passa a ser “sal no saleiro”. 

8. Cristianismo abstrato é aquele que se sustenta em clichês a respeito de como a vida deve ser sem a coragem para encarar a vida como ela é. O elevado padrão ético do evangelho não pode desconsiderar a realidade concreta das pessoas e das comunidades cristãs, que convivem com pedófilos, corruptos, abusadores, gente dissimulada e mal caráter de todo tipo e práticas imorais de toda sorte. Quem proclama o evangelho não pode brincar de “tapar o sol com a peneira”.

9. Cristianismo abstrato é aquele fundamentado no “eu” sem “nós”. Tem gente que confunde pessoalidade (O Senhor é o meu pastor) com individualismo (O pão é nosso, não apenas meu). O privatismo egocêntrico prevalece sobre a comunhão solidária, e todo mundo tenta se relacionar com Deus enquanto olha apenas para o próprio umbigo. 

10. Cristianismo abstrato é aquele onde a religião é à la carte, sem sujeição à autoridade da revelação de Deus, que conhecemos como Bíblia. Quando cada um escolhe o que crer, de acordo com sua própria lógica e suposto bom senso, a mensagem cristã acaba sendo transformada num mix barato de folclore popular, filosofia em gotas, misticismo pagão e auto-ajuda espiritualista.

11. Cristianismo abstrato é aquele onde prevalecem as questões de foro íntimo sem satisfações comunitárias. Uma fé sem dimensões públicas, com ênfase exagerada em privacidade e preservação da intimidade, negligencia o fato de que “somos membros uns dos outros, e quando um membro do corpo sofre, todos os outros sofrem com ele; quando um membro é honrado, todos os outros se alegram com ele” (1Coríntios 12.26).

12. Cristianismo abstrato é aquele onde existe carisma sem caráter. Muita profecia, muito exorcismo em nome de Jesus, sem submissão à vontade de Deus. Muita lingua estranha que nem mesmo o Espírito Santo entende. No dia do juízo, muita gente cheia de carismas vai se espantar quando ouvir Jesus dizer, “Tudo o que vocês fizeram foi me usar para virar celebridades. Fora daqui” (Mateus 7.23 – A Mensagem).

13. Cristianismo abstrato é aquele tem um Deus de invocação e outros muitos de devoção. Tem muita gente que invoca o Deus é pai de nosso senhor Jesus Cristo em suas orações, mas toma decisões no dia-a-dia e organiza a vida ao redor do dinheiro, da família, de um romance, da carreira profissional ou de qualquer outra pseudo sutil divindade idolátrica. 

14. Cristianismo abstrato é aquele de quem ora “vem nós tudo, ao vosso reino nada” (ser servido versus servir). As pessoas ouviram que “Jesus Cristo é o Senhor” e acreditaram que nesse caso ele pode fazer tudo por elas, em vez de concluírem o óbvio, a saber, que elas devem fazer tudo por Jesus. 

15. Cristianismo abstrato é aquele que se contenta com “amor” a Deus sem amor ao próximo, esquecido de que “ver a face do irmão é como contemplar a face de Deus” (Gênesis 33.10), ou quem sabe, que a única maneira de contemplar a face de Deus é contemplando a face do irmão, pois para enxergar o Deus que não se vê, é preciso enxergar o irmão que está bem diante dos olhos (1João 4.20).

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Missionário



“Ser missionário não é só percorrer grandes distâncias, ir para outros continentes, mas é a difícil viagem de sair de si, ir ao encontro do outro, ir ao encontro do “diferente”, – o preferido de Jesus... Exige de mim, de você, de todos nós, uma abertura constante, pessoal e comunitária para responder aos desafios de hoje. É a missão de fidelidade ao “envio” de Jesus: “Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio” (João 20:21). 
A missão nos permite criar novos laços, novas relações, um novo jeito de olhar a vida, um novo jeito de ser igreja... SER MISSIONÁRIO É FAZER UMA DECISÃO RADICAL DE ENTREGA TOTAL AO REINO DE DEUS EM PROL DA PROMOÇÃO HUMANA.” 

Extraído do Boletim nº 35/2003, da I.P. Vila Pinheiro - Jacareí, SP


segunda-feira, 10 de junho de 2013

Tomar a Cruz!

Excelente texto de Alan Brizotti 

Jesus disse: “quem não toma a sua cruz, não é digno de mim” (Mt. 10.38). Dignidade é artigo de luxo nessa religiosidade da mágica e do charlatanismo.

Confesso que estou cansado dessa religião viciada, mercantilista, utilitarista e vazia. Não quero andar na mesma trilha dos quemercadejam a fé. Não quero morar nos palácios dos riquinhos da fé (gente que esquece os pobres, ilude os pequenos e envolve os ingênuos). 

Não quero ser igreja de Simão, sempre tentando comprar a graça. Nem igreja de Pilatos, lavando as mãos na intenção de purificar a consciência.

Não quero ser igreja da mordaça, que tenta abafar a voz profética por medo de mudar. 

Quero andar na direção dos santos, no caminho do Calvário, abençoado pelas mudanças de vida que vejo no caminho (um samaritano, um publicano em cima de uma árvore, uma viúva de Naim).

Quero ser digno de compartilhar da presença do Mestre. Andar com Jesus é construir a vida e a história.

Adélia Prado estava certa: "não quero a faca nem o queijo, eu quero é a fome".

Alan Brizotti