sábado, 10 de maio de 2014

O que as mães querem?


por Leandra Felipe

Creio que as mães guardam tensões e segredos sobre o que querem, sobre o que pensam de si mesmas como mães, e sobre o que querem da relação com os filhos. Nós, mães - nisso me incluo totalmente - vivemos brigando com a imagem que temos de nós mesmas. Há uma tensão entre a mãe "ideal" que construimos na nossa cabeça, entre a mãe que de fato somos e a mãe que "gostaríamos" de ser. A mãe que trabalha muito poderá sentir culpa por não ficar tempo suficiente com os filhos (ainda que não tenha outra alternativa); a que não trabalha poderá pensar que "faz mal aos filhos" por ficar tanto tempo junto. A mãe que está cansada depois de noites sem dormir com o bebê, sentirá culpa por estar exausta e irritada. A mãe que grita se sentirá culpada por ter saído dos limites. A que vê o filho enfrentar dificuldades em alguma área da vida se sentirá impotente, incompetente. Enquanto preparamos papinhas, contamos historinhas, ajudamos no trabalho da escola, conversamos sobre problemas, damos broncas e "boa noite", vivemos com nossos dilemas e nossos juízes interiores. Carregamos também uma tensão entre a alegria de ver nossos filhos crescerem e a angústia de vê-los cada dia mais independentes e autonômos. E quando os filhos viram adultos? Essa parte ainda não vivi. Ufa! Mas, com um filho pré-adolescente, já começo a imaginar. E me vejo na minha mãe e logo começo a pensar que "eu sou ela amanhã". Amanhã vou ser a mãe que minha mãe é hoje, a mãe dos filhos adultos. A mãe que vê o filho tomar decisões, que vê o filho viver a própria vida, que vê o filho ficar feliz ou ficar triste. A mãe que sente saudade do filho que vive longe, ainda que esteja feliz por saber que ele está bem. A mãe que conta os dias para ver o filho. Amanhã serei essa mãe que tem de reinventar seu lugar e redistribuir espaços no coração e no dia-a-dia. Como mães, queremos coisas distintas em cada fase da maternidade. Quando estão dentro de nós, desejamos que tudo dê certo, e que o inexplicável e novo, que está por chegar, venha da melhor maneira possível. Quando chega o bebê, queremos que ele entre em nossa rotina (doce ilusão), que nos acostumemos a nova fase. E de noites, em noites, de sonecas durante o dia e de regras, receitas, erros e acertos, aprendemos a conviver com eles e nos apaixonamos. Depois vem outras épocas e vontades distintas de mães e vontades distintas de filhos. E vamos juntos. O que as mães querem? Como mãe, quero que meus filhos sejam felizes e quero desfrutar da presença deles comigo. Racionalmente, eu quero que eles sejam fortes e suportem dores (embora me custe vê-los sofrer). Quero vê-los autônomos, valentes e decididos, mesmo sabendo que isso de fato significará menos de mim na vida deles. Como filha, quero que minha mãe saiba que sou essa pessoa adulta hoje, que deu trabalho, que errou, que acertou, que se reinventou. Sou mãe agora, e sei que com o que ela tinha nas mãos, ela fez o que podia fazer e, se deixou algo de fora, não é mais um problema. Deu certo. E quero vê-la se reinventar também e aproveitar o tempo que ela tem e desfrutar do sucesso que teve em ter criado seus filhos. 
Feliz dia das mães, Gilda Alves Felipe, a Dona Katia, mãe do Guillermo e a todas as minhas amigas mães!

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