por Matt Rawlings
Eu sou um filho de pastor que abandonou a fé, declarou-se ateu,
voltou à fé depois de descobrir um câncer, quase perdeu a fé novamente e
foi salvo pela teologia evangélica e pela apologética. Portanto, minha
paixão é ajudar os outros a evitarem a destruição do pecado e o
desespero pelos quais eu passei enquanto vagava pelo deserto do ateísmo.
Há alguns anos eu fiquei intrigado ao ler o livro
You Lost Me: Why Young Christians Are Leaving Church…and Rethinking Faith (“
Você Me Perdeu: Por que Jovens Cristãos Estão Deixando A Igreja… E “Repensando Sua Fé”,
em inglês), de David Kinnaman. Ele argumenta que existem pelo menos
seis motivos pelos quais os homens e as mulheres entre 18 e 30 anos
abandonam a fé. Ele publicou um resumo desses seis motivos no site do
Grupo Barna (link em inglês), que são:
Motivo #1 – As igrejas parecem ser superprotetoras.
Motivo #2 – A experiência dos adolescentes e dos jovens de 20 e poucos anos com o Cristianismo é superficial.
Motivo #3 – As igrejas são vistas como inimigas da ciência.
Motivo #4 – As experiências dos jovens cristãos relacionadas à sexualidade na igreja são muitas
vezes simplificadas ou críticas demais.
Motivo #5 – Eles lutam com a exclusividade do Cristianismo.
Motivo #6 – A igreja parece ser hostil para com os que possuem dúvidas.
Pode-se argumentar que estas descobertas se tratam mais de uma
percepção do que de uma realidade na maioria das igrejas. Por exemplo,
eu ficaria surpreso (de uma maneira desagradável) em saber que a maioria
das igrejas evangélicas ainda gasta muito tempo condenando a cultura
popular como se fosse o Conselho Municipal de Footloose. Além disso, eu
quase não escuto mais sermões sobre sexualidade e, enquanto eu crescia, a
maioria dos sermões condenava todo o tipo de sexo fora do casamento,
mas sempre de uma maneira graciosa. Entretanto, eu penso que os motivos
2, 3, 5 e 6 provavelmente são válidos. Também, por experiência própria,
eu acrescentaria que alguns jovens simplesmente sentem que a fé
não funciona (link em inglês).
De fato, muitas igrejas apresentam uma fé superficial, que trocam a
doutrina e a apologética por sermões de “o que fazer quando…”, que são
como palestras de autoajuda polvilhadas com alguns trechos da Bíblia. A
recusa em aprender teologia e em como defender a fé, como também o
investimento no tempo para pensar em como apresentar tudo isso de uma
maneira clara e cativante, é a essência de todas as quatro objeções
válidas feitas por jovens à igreja evangélica. Os pastores devem
simplesmente levar a sério essa responsabilidade, usando seu tempo e
seus esforços. Não há outra resposta.
Sermões menos superficiais, entretanto, não são A resposta, embora
ajudem. Todos os membros da igreja, de todas as idades, devem ser
discipulados, e isso inclui um treinamento para que se tornem teólogos e
apologetas leigos.
O detetive J. Warner Wallace argumentou que devemos treinar os estudantes cristãos ao invés de ensiná-los (
metodologia T.R.A.I.N.,
link em inglês), mas eu penso que precisamos treinar todos os nossos
irmãos cristãos (e ele iria concordar comigo). Treinar é mais difícil do
que ensinar. Precisamos nos lembrar de que, em média, as pessoas
precisam ouvir uma informação sete vezes ou mais para conseguirem
guardá-la hoje em dia. Além disso, a maioria das pessoas não entende uma
coisa realmente até ela que seja posta em prática. Por isso, os
pastores devem ser treinados para treinarem congregações para realmente
serem teólogos e apologetas leigos. Os pastores devem, então, desafiar a
congregação a usar suas habilidades para alcançar os perdidos e ajudar
uns aos outros. E todos os que forem treinados devem ajudar a tomar
conta dos mais jovens, para que tenham certeza que de conhecem sua fé
tão bem que não irão sucumbir aos pobres argumentos do ateísmo. Isso
significa que os pastores devem implementar programas rigorosos para as
pessoas que lhes foram confiadas por Deus.
Eu recomendaria alguns recursos que eu acredito que todos os pastores
e líderes de igreja deveriam ler depois, mas por enquanto é suficiente
dizer que se você quer que sua congregação produza discípulos ao invés
de alvos fáceis para os ateus, treine seu povo, principalmente os que
estão no seu grupo de jovens! Note, por favor, que os dias de nos
focarmos apenas em alicerces, prédios e orçamentos terminaram. Não
vivemos mais em Jerusalém, mas somos um povo exilado na Babilônia. Se
continuarmos tentando entreter ao invés de treinar, abrandar ao invés de
aprofundar, evadir ao invés de engajar, estaremos correndo atrás do
vento.
Traduzido por Filipe Espósito e revisado por Jonathan Silveira.
Matt Rawlings é Pastor de Ensino na Christ’s Community Church, em Portsmouth, Ohio, advogado e Diretor Regional da Leadership Development for Alliance Defending Freedom. É graduado em Teologia e especialista em Apologética.